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Remediação de Locais Contaminados na Europa

locais contaminados

O “Hiato de Contaminação” e a Pressão Regulatória

O mercado europeu, no que se refere a remediação de locais contaminados, enfrenta uma lacuna crítica de informação. Estima-se a existência de 11.7 milhões de locais potencialmente contaminados, dos quais apenas 2.5 milhões estão identificados. Para fechar este hiato, a UE implementou um novo quadro legislativo. Este quadro rigoroso — liderado pela nova Lei de Monitorização do Solo e pelo Pacto Ecológico (Diretiva do Parlamento Europeu)  — impõe a criação de inventários robustos e a monitorização obrigatória. Assim, o setor opera sob uma lógica de conformidade legal estrita, onde diretivas de água e emissões industriais forçam a prevenção e a penalização da poluição através do princípio do “poluidor-pagador”.

Transição Tecnológica: Do “Dig & Dump” para Soluções Sustentáveis de Descontaminação de Solos

Houve uma mudança fundamental das técnicas tradicionais aplicáveis a locais contaminados de escavação e aterro (ex-situ), agora consideradas insustentáveis, para tratamentos in-situ que destroem os contaminantes no subsolo, como a biorremediação e a oxidação química.

A tendência atual de remediação de locais contaminados favorece a “Remediação Verde”. Neste contexto, utilizam-se “comboios de tratamento” que combinam tecnologias de alta intensidade para reduzir a carga poluente inicial. Segue-se a adoção de soluções de baixo custo, mais “naturais” (como a fito remediação) para o polimento final, integrando princípios da economia circular nas soluções.

O Desafio Crítico das PFAS (“Químicos Eternos”)

O maior obstáculo técnico e financeiro é a contaminação generalizada por PFAS, substâncias estas que não se degradam naturalmente e desafiam as tecnologias biológicas convencionais. Assim, as soluções atuais, como o carvão ativado e membranas, apenas separam e concentram o contaminante sem o destruir, gerando resíduos secundários perigosos e custos de gestão que podem ascender a centenas de biliões de euros. Isto criou uma “bomba-relógio” financeira que está a redefinir a responsabilidade corporativa e a impulsionar a procura por tecnologias emergentes de destruição.

Redesenvolvimento e Criação de Valor na Remediação de locais contaminados

O objetivo final da remediação de locais contaminados evoluiu da simples “limpeza de risco” para a “Remediação Adequada ao Uso”, servindo, desta forma, como motor para a regeneração urbana e recuperação de brownfields. Em vez de apenas isolar a contaminação, projetos modernos em megasites industriais integram a descontaminação com o planeamento urbano. Estes projetos transformam então passivos ambientais em ativos económicos para habitação e infraestruturas verdes, alinhando a engenharia ambiental com as metas climáticas de 205010.

André Vieira – Consultor ETP